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terça-feira, 16 de agosto de 2016

38-Devemos ressuscitar a escola dominical?






Devemos ressuscitar a escola dominical?
Devemos ressuscitar a escola dominical?
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Duas notícias vindas do Reino Unido me chamaram muita atenção, pois sei que em breve influenciarão a nossa sociedade. A primeira é referente ao anuncio da nova diretriz escolar que diz que o ensino do criacionismo será proibido em todas as escolas na Inglaterra, mesmo as confessionais. Além disso os professores terão de promover desde as primeiras séries “o respeito pelos direitos dos homossexuais”. As instituições que se negarem a seguir a nova diretriz, poderão ser multadas ou terem as sua licenças de funcionamento revogadas.
Uma segunda é sobre, Eddie, um pedófilo confesso, que em um documentário exibido pelo Channel 4 (O vizinho pedófilo) busca encorajar a sociedade a dar mais apoio às pessoas sexualmente atraídas por crianças. O objetivo é levar os ingleses a discutirem se devem seguir os mesmos passos que a Alemanha que já oferece tratamento psicológico para quem sente desejos sexuais por crianças.
Com base nestas notícias pergunto, como distinguir o certo do errado? Seria uma responsabilidade única do estado estabelecer regras para um bom conviveu em comunidade? Quem determina se as leis aprovadas pelas autoridades constituídas são corretas ou não? Qual é a base das leis que nos regulam como sociedade? Faço essas perguntas, pois o meu certo nem sempre é o seu certo, principalmente em um período onde nada é absoluto, mas sim relativo, certo? Errado!

Deus é quem determina os padrões éticos e  morais de sua própria criação. Isto mostra o quão importante a Bíblia é para a nossa sociedade, pois ela é a Palavra de Deus. A Escola Bíblica Dominical, ou EBD, tem sido por anos o instrumento de propagação dos ensinos bíblicos. Porém mesmo sabendo disso é confrontada por muitos que dizem que ela é algo arcaico e ultrapassado e por isso  não atinge os objetivos de um mundo pós moderno. Críticas que parecem seguir os conselhos de uma das músicas do Pink Floyd que dizia que não precisamos de educação. Pergunto então, será que os cíticos possuem razão? Quais as causas da constante evasão dos alunos? Quais são os desafios da nossa EBD?
A proposta deste artigo é o de encontrar respostas para estas perguntas e tentar apontar princípios que ajudem a EBD a retomar uma força perdida ao longo do tempo.
História da EBD
Nos tempos do antigo Testamento cabia aos sacerdotes, profetas e reis o ensino da Lei de Deus. Isto fica claro quando analisamos a Bíblia e encontramos passagens como a do rei Josafá que enviou levitas e sacerdotes por toda a terra de Judá para ensinar ao povo a Lei do Senhor.[1] No livro de Neemias encontramos outros registros de aulas dadas ao povo de manhã ao meio dia, povo ao qual chorava ao ouvir as palavras da Lei[2]. Aulas religiosas eram também comuns nas sinagogas sempre ministradas sobre a orientação dos doutores da lei.
No Novo Testamento encontramos Jesus como um grande professor do Evangelho em sinagogas, casas, templos e ao ar livre. A igreja primitiva dava também muita importância a o ensino das Escrituras. Paulo e Barnabé, por exemplo, dedicaram suas vidas ao ensino da Palavra de Deus. Professores que passaram um ano ensinando na igreja de Antioquia, um ano e meio na igreja de Corrinto e três anos na de Éfeso de acordo com o livro de Atos.[3]
Com a Reforma Protestante, no século 16, o estudo da Bíblia voltou a ser algo primordial o que trouxe luz a escuridão espiritual que a igreja vivia na Idade Média.  Séculos mais tarde surge na Inglaterra a EBD com contornos semelhantes aos que existem hoje em nossas igrejas. O responsável por esta escola foi o jornalista Robert Raikes que iniciou aulas para crianças pobres aos domingos. Nestas aulas eram ensinadas várias materiais como aritmética, ensino de textos bíblicos e princípios cristãos. Este modelo foi muito criticado na época pelas igrejas que consideravam o seu projeto como “profanador dos domingos”.[4]
Mesmo com oposições em 1782 na cidade de Gloucester nasceu à primeira escola bíblica dominical em caráter permanente através do colaborador batista William Fox. No final de 1784 mais de 250 mil alunos estavam matriculados em escolas espalhadas por toda a Grã-Bretanha. Esta novidade cruzou fronteiras e já no século 19 estava presente em países como Escócia, Holanda, Alemanha e Estados Unidos. Em 19 de agosto de 1855 os missionários Robert e Sarah Kalley iniciaram em Niteroi, no Rio de Janeiro, a aula inaugural da primeira EBD no Brasil cumprindo assim a Grande Comissão.
A Grande Comissão
Jesus tem o ensinamento das escrituras como algo fundamental para os seguidores de ontem e de hoje também. Quando Jesus apareceu para os seus discípulos, após a sua ressurreição, ele deixou uma ordem para que conforme os discípulos fossem fazendo discípulos de todas as nações e batizando-os, deveriam também ensiná-los a guardar todas as coisas que Jesus já havia ensinado (Mateus 28.19-20).

Por isso é impossível existir uma igreja verdadeira que não ensine a palavra de Deus. Digo verdadeira, pois Jesus não nos deixou uma opção ou uma sugestão, mas sim uma ordem. Deixar de realizar o estudo da Bíblia é desobediência. É isso que nos difere daqueles que o seguiam, mas logo o abandonaram por tomar conhecimento de que: “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.” (Mateus 10.38).
Dizer que não precisamos da EBD ou qualquer outra  forma de discipulado ou ensino da palavra, e deixar de cumprir parte desta comissão.[5] Deixar de estudá-la e como ser um analfabeto espiritual correndo um sério risco de cometer erros, não gramaticais, mais sim espirituais conhecidos como pecado. A EBD é uma ferramenta para a execução da grande comissão é não algo predestinado a extinção. Mas como não interromper esse ciclo?

Desperte o interesse dos alunos

Quando alguém é alcançado, ou seja, ouve as Boas Novas do evangelho, aceita a Cristo por meio do Espírito Santo e  é batizado  precisa amadurecer a fé por meio do estudo da Palavra de Deus. Por que?  A fim de ser enviado e fazer um outro discípulo. Esse é o ciclo, da grande comissão, que só tem fim com a vinda de Cristo.
Não podemos esperar com que as pessoas se interessem pelo estudo da Palavra de Deus como que num toque de mágica. São os líderes professores que devem esclarecer a toda a igreja que o aprendizado é algo fundamental na vida cristã. O autor do livro Socorro sou professor da Escola Dominical, Lécio Dornas salienta que: “É tarefa do pastor e dos educadores da igreja despertar o interesse, motivar e conscientizar os professores da EBD da sua importância e valor no ministério de ensino da igreja”.[6]

Muitas igrejas, não completam o ciclo da grande comissão. Igrejas que estão cheias de pessoas que param no estágio  do batismo e de lá não saem mais. Pessoas que não se aprofundam no conhecimento das escrituras e assim se acomodam e não se preparam para serem enviadas. Não é de se assustar como alguns ministérios cressem numa velocidade assustadora e outras não. Igrejas que não prezam a Palavra de Deus, não pregam a verdade,  e que ignoram o arrependimento.

Ensine a Bíblia com toda a responsabilidade

O professor é um privilegiado por exercer o ministério do ensino da Palavra de Deus obedecendo e executando a missão dada por Jesus a nós. Ele nunca se esquece de preparar as suas aulas, contextualizar os assuntos que serão abordados em sala, dedicar tempo com Deus em oração, ser pontual e dar todo o louvor a Deus. O resultado disso é que os alunos terão zelo no estudo da palavra e na aplicação do que aprenderam.
Sem alguém, com muita responsabilidade, para explicar a Bíblia é impossível conhecer as escrituras corretamente. Esta é a razão pela qual o professor tem um papel fundamental na vida da igreja. Ele é a ponte entre as escrituras e os alunos. Veja o que Dornas diz em seu livro sobre esta ponte chamada professor:
O professor encontra prazer em ver pessoas atingindo o outro lado do rio. Sem ponte, o outro lado é sonho, com ela é topia, é realidade. Sem a ponte, o mar e o abismo são invencíveis, com ela ambos são domados e superados. Sem a ponte os benefícios da travessia se relativizam, com ela tornam-se desafios. Ser professor da Escola Dominical é ser ponte.[9]
Em seu livro Dornas diz também que o professor é um eterno aluno em constante aprendizado. É um servo de Deus que renuncia uma infinidade de coisas se propondo a ensinar. Diz também que o professor é um canal de crescimento da igreja. O autor cita Valdir Steuernagel ao dizer: “A qualidade de discípulos que o evangelho produzir, no contexto de uma igreja, será o atestado de quão saudável ou enfermo foi o crescimento desta igreja”.[10] Howard Hendricks em seu livro, Ensinado para transformar vidas, diz que:
Há muitos professores que vão para a sala de aula totalmente despreparados ou preparados apenas em parte. São como mensageiros sem mensagem. Falta-lhes a energia e o entusiasmo necessários para produzirem os resultados que, centralizado por direito, devemos esperar de seu trabalho[11].
Faça com que a igreja transmita os ensinos como testemunhas vivas

Jerry Wilkins em um dos seus livros diz que: “Os não crentes não conhecem os benefícios e valores da EBD”.[13] Isso acontece, pois achamos que as pessoas precisam descobrir a Bíblia e sua relevância por elas mesmas. Porém, guardar os ensinos de Cristo não significa retê-los, mas obedecê-los. O discípulo que obedece ensina, pois sabe que essa não é uma atribuição só de teólogos, pastores ou professores da EBD, mas sim de todo o seguidor de Cristo.
Todo discípulo deve ser um conhecedor da palavra de Deus para que poça pregar com convicção e autoridade a outros. A divulgação do evangelho, só deve acontecer se os alunos realmente acreditarem nos ensinamentos da Bíblia. “Se alguém promove o que faz, crê na sua eficácia”, diz Dornas em seu livro.[12]
Uma pessoa convicta de que a Bíblia é poder para a salvação prega sem mesmo abir a boca, só por meio de ações. Jesus, Paulo e outros discípulos pregavam com autoridade por conhecerem a palavra de Deus e colocar todo ensino em prática.

Contextualize a Bíblia tendo em mente os não crentes

Um colega de trabalho me disse que gostaria de estudar a Bíblia e me perguntou qual seria os livros mais fáceis de serem compreendidos. Disse para ele ler os Evangelhos. No outro dia, ele me disse que havia corrido todas as paginas da Bíblia por várias horas, na tentativa de encontrar o livro chamado “Evangelhos”, mas não achou. Errei por não conhecer o contexto de meu amigo.

Os professores devem saber transmitir o conhecimento de forma com que os alunos e visitantes entendam as aulas da EBD. Devem utilizar um linguajar claro para os dois públicos, contextualizando sempre a palavra de Deus. Precisam transmitir conhecimento de forma simples ainda que com conteúdo. Deve conhecer o contexto de sua comunidade e estar pronto para a mudança.

O professor Eudes Martins da Silva, editor da Editora Vida, diz que: “Não adianta seguir modelos rígidos, é preciso adaptar-se”.[14] Isto quer dizer que os educadores devem estar prontos para atender as necessidades daqueles que por algum motivo não podem frequentar a EBD no domingo pela manhã, mas que pode assistir a aulas em dias e horários diferentes dos tradicionais. Isto pode ser realizado pelos professores, evangelistas ou pastores da igreja.
Conduza os alunos a um culto verdadeiro
Em entrevista para a revista Vinde, edição 46, a jornalista Mirian Leitão disse que o estudo da Bíblia influenciou muito a sua conduta profissional e ética e que a EBD foi fundamental para a formação de seu caráter.[15] Esta é na verdade o resultado de uma EDB verdadeira que tem como objetivo educar discípulos para serem semelhantes ao nosso mestre Jesus Cristo.
A EBD tem como um de seus mais sublimados objetivos justamente a educação do homem. Prestemos atenção a estas palavras de Paulo: “Toda Escritura é devidamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17).
A Escola Bíblica Dominical é o local onde a liderança fiel a escritura deve deixar claro as suas posições sobre todos os assuntos que envolvem a igreja como: homossexualismo, aborto, liturgia, louvor e adoração, estilo de música, pecados entre outros. Igrejas com problemas doutrinários e que estão se dividindo são em grande parte igrejas que não tem a EBD e seus ensinos como um dos focos principais. Membros que não sabem ao certo a posição de suas igrejas para determinados assuntos, acabam se chocando com opiniões divergentes.
Conclusão
O estudo da Bíblia e o plano de Deus e nossa responsabilidade é avaliar as nossas Escolas Dominicais continuamente para que elas não percam o foco. Os educadores e líderes da EBD, devem se preparar continuamente para acompanhar o mundo e se manter atual e relevante. Isto faz com que a EBD deixe de ser algo ultrapassado, para se tornar um dos grandes instrumentos de evangelização. Além disso,  nós pais, não podemos terceirizar a tarefa de ensinar a Bíblia aos nossos filhos. Desafio você a redescobrir a alegria não só das manhãs de domingo, mas também do conhecer a palavra de Deus e anunciá-la principalmente aos seus filhos dia após dia.

Notas  
[1] II Crônicas 17
[2] Neemias 8
[3] Atos 11:25-26, 18:11,19 e 20
[4] Fernandes, C. e Dutra, M. Lições que nunca termina. Revista Vinde, São Paulo n. 46,p.36, Setembro. 1999
[5] Tidwell, Chales A. Educational Ministry of a Church. Nashville; Broadman, 1982, p.304.
[6] Dornas, L., Socorro sou Professor da Escola Dominical. São Paulo, Hagnos, 2020, p.84
[7] Romanos 10:17
[8] João 8:30
[9] Dornas, L., Socorro sou Professor da Escola Dominical. São Paulo, Hagnos, 2020, p.142
[10] Dornas, L., Socorro sou Professor da Escola Dominical. São Paulo, Hagnos, 2020, p.143
[11] Hendricks, H., Ensinado para transformar vidas. Venda Nova, Betânia, 1987,p.124
[12] Dornas, L., Socorro sou Professor da Escola Dominical. São Paulo, Hagnos, 2020, p.87
[13] Wilkins, Jerry. Marketing your Sunday School – Strategies for the 21 st Century. Nashville: Broadman, 1992, p. 13,
[14] Fernandes, C. e Dutra, M. Lições que nunca termina. Revista Vinde, São Paulo n. 46,p.27, Setembro. 1999
[15] Fernandes, C. e Dutra, M. Lições que nunca termina. Revista Vinde, São Paulo n. 46,p.26, Setembro. 1999
[16] Hemphill, K. Redescobrindo a Alegria das Manhãs de Domingo. São Paulo: Eclesia, 1948, p.35

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