AS SETE LEIS DO ENSINO PARTE 1-
1.
O professor deve ser pessoa que conheça a lição ou verdade ou arte a ser
ensinada.
2.
O aluno é aquele que escuta ou atende com interesse a lição.
3.
A linguagem usada como meio ou instrumento entre professor e aluno deve ser comum a ambos.
· A lição a ser ensinada e aprendida deve ser
explicada em termos de verdade já conhecida pelo aluno, explicando-se o desconhecido por meio do conhecido.
· Ensinar é despertar e usar a mente do aluno para que apanhe o
pensamento desejado, ou para que venha a dominar a arte que quer aprender.
· Aprender é pensar com seu próprio entendimento numa nova idéia ou verdade, ou tornar
em hábito numa nova arte ou habilidade.
· O teste e prova do ensino feito – o processo final e
de fixação – deve ser uma revisão, uma reprodução,
uma recapitulação e aplicação do material que foi ensinado, do
conhecimento e ideais e artes que foram comunicados.
AS LEIS
EXPLICADAS COMO REGRAS
1.
Conhecer completa e
familiarmente a lição que quer ensinar, ensinando com mente plena e claro
conhecimento.
2.
Ganhar e conservar a atenção e
o interesse dos alunos para a lição. Não tentar ensinar sem ter conseguido a
atenção do aluno.
3.
Empregar palavras
compreensíveis, tanto para você como para o aluno, usando sempre linguagem
clara e vivida para ambos.
4.
Começar por aquilo que o aluno
já conhece bem sobre o assunto e com aquilo que já faz parte da experiência
dele; e avançar para a nova matéria através de degraus ou passos simples,
fáceis e naturais, assim fazendo com que o conhecido explique o desconhecido.
5.
Estimular a mente do aluno para
que ele aja por si. Fazer com que os pensamentos dele tanto quanto possível
caminhem adiante das palavras do professor, assim colocando-o na posição de um
descobridor, ou antecipador.
6.
Exigir que o aluno reproduza em
pensamento a lição que está aprendendo, pensando ou rememorando em suas várias
partes e aplicações, até que possa expressá-la em suas próprias palavras.
7.
Rever, rever,
REVER, reproduzindo o que já foi ensinado, aprofundando suas impressões com
novos pensamentos, ligando-o a significados adicionais, buscando e achando
novas aplicações, corrigindo idéias falsas e compreendendo a verdade.
Ensinar é comunicar experiência, a qual pode ser de fatos,
verdades, idéias, doutrinas, ou ideais, ou de processos ou habilidades duma
arte. E Pode ser ensinada por meio de palavras, sinais, objetos, em suma, é a
comunicação de experiência, no sentido de ajudar alguém a reproduzir a mesma
experiência , tornando-a comum aos dois.
Não podemos
esquecer que o bom ensino traz, consigo, organização. Sendo assim, o professor,
diligentemente, levará os seus alunos a uma clara compreensão da verdade. Não
podemos negar que os tais sempre desejaram plantar, nas mentes dos seus alunos,
as verdades que ensinam.
1. A
LEI DO PROFESSOR
É impossível
que o mestre detenha todo o saber daquilo que vai ensinar. Mas Há algo que o
tal não pode esquecer: o conhecimento imperfeito reflete-se no ensino
imperfeito. Os alunos preferem ser liderados e ensinados por alguém em quem
confiam. Quando o líder é incompetente e ignorante, é seguido sem interesse e
com relutância.
O mestre não
pode se esquecer de que as ciências são dotadas de estradas naturais que vão
das visões mais simples às visões mais largas (das simples para as complexas) e
ele deve encontrar esta estrada natural para que encaminhe adequadamente os
seus alunos pelas vias do conhecimento, sem esquecer, jamais, de guiar os seus
alunos na contemplação das belezas observáveis no caminho.
2. A
LEI DO DISCÍPULO
É fundamental
que ele se dedique com interesse à matéria a ser aprendida, fique absorvido,
mantenha o foco de sua percepção no objeto do conhecimento, concentrando-se
sentimentalmente nele. A atenção ativa (não leviana, que não se deixa conduzir
para outros tipos de convites e atrações alheias à lição) é imprescindível para
que se alcance o êxito resultante do esforço, sacrifício e persistência.
Os vigores da
ação mental, como também o da ação muscular, são proporcionais ao estímulo
recebido. Operamos com máxima eficiência quando descobrimos o real motivo de
estarmos aprendendo. Quando a exigência é suficientemente forte, nossa atenção
e interesse aumentam mais, proporcionando-nos melhores condições para
assimilação dos conteúdos. Se os professores não estimularem o interesse,
dificilmente terão condições de prender a atenção dos alunos.
Quando
tratamos de crianças, devemos observar que seus interesses mudam de foco à
medida que alcançam a maturidade: das coisas concretas e mais egocentralizadas
para as abstratas. Observa-se, portanto, que o poder de atenção aumenta com o
desenvolvimento mental. É por isto que o professor deve apresentar a lição de
forma atrativa, fazendo uso de ilustrações e outros meios legítimos que não
sejam fontes de distração.
3. A
LEI DA LINGUAGEM
É por meio da
linguagem que procuramos associar o pensamento com a vida e o mundo no qual
vivemos. O professor só alcançará seus objetivos se utilizar uma linguagem
comum a ele e ao aluno, pois o ouvinte entende e reproduz em sua mente uma
mensagem que contém significados e impressões relevantes. Precisamos observar
os poderes de sugestão de nossas palavras, para a projeção de imagens claras
nas mentes dos alunos. Daí a necessidade de ajudarmos os nossos alunos a
descobrirem e entesourarem as riquezas do saber.
Como
instrumento do pensamento, a linguagem é a ferramenta que propicia a formação
de conceitos, de novos pensamentos a respeito dos temas tratados. Por meio das
palavras, fazemos redescobertas.
Também
expressamos nossos pensamentos por meio de nossos gestos. Nossos ombros, olhos,
mãos, pés também falam (Sl 19.1-5; Rm 1. 18-20).
Para fazer bom
uso da linguagem, atendendo algumas regras de ensino, o professor deve:
- conhecer
a linguagem e o nível do conhecimento dos alunos e o que lhes é
significativo;
- expressar-se
na linguagem dos alunos, usando termos simples para melhor compreensão;
- ilustrar,
com as experiências dos alunos, o que está ensinando;
- testar
os alunos enquanto fala para verificar se eles estão compreendendo o que
está sendo dito.
4. A LEI DA LIÇÃO
Quando
ensinamos a lição devemos ter a finalidade de compartilhar algo novo que partiu
do que já foi familiar, de uma verdade já conhecida, fazendo uso de termo de
comparação ou de experiências já conhecidas. O aluno que aprendeu bem uma lição
já aprendeu a metade da outra.
“Fácil é
adicionar algo àquilo que já se descobriu.”
(Pestalozzi)
Quem ensinar
deve conduzir o aluno a novas experiências e, por isto, a aula deve conter uma
série de novidades. Cada fato conduz a outro e o explica. O velho revela o
novo, e este confirma e corrige aquele.
O professor
precisa conduzir o aprendiz na tarefa de pensar de modo real para a resolução
de problemas, partindo de três estágios: 1) dúvida e incerteza, que exige
questionamento; 2) fase organizadora na qual o indivíduo verifica se dispõe dos
meios para alcançar os fins desejados; 3) atitude crítica que envolve a seleção
e rejeição do que lhe é apresentado, tendo em vista que situações reais
permitiram essa atitude meditativa. Sendo assim, os conhecimentos foram
resultantes de soluções de problemas, observação de fatos e leis averiguadas em
situações reais e vitais.
No processo de
ensino da lição, deve-se considerar que a vida mental da criança contém, em si,
um excesso de sensação e a do adulto, maior dose de reflexão. Apesar dessas
diferenças, ambos comparam o novo com o velho, fazem a alternada análise e
síntese das partes, dos todos, das classes, das causas e dos efeitos. Também
fazem uso da memória, imaginação, julgamento, verificando os efeitos do ensino
sobre os seus pensamentos, gostos e preconceitos (Lc 8. 5-15).
“Muitos
professores semeiam plantas em vez de sementes; em vez de partirem dos
princípios mais simples, introduzem os alunos de chofre num caos de livros e
estudos miscelâneos.” (Comenius)
De onde vem o
interesse que pode despertar a mente para a aprendizagem? Pelo amor de se
conhecer por amor do próprio conhecimento, o amor pela cultura, bem como do
desejo de se conhecer para solucionar problemas, encontrar respostas para as
mais variadas perguntas, libertar-se da ignorância etc. O desejo de aprender
varia de acordo com o caráter e objetivos dos alunos, das necessidades que os
impeliram ao estudo.
Não podemos
dissociar a união dos pensamentos com a afetividade. O pensamento envolve
sentimento, o amor ao saber torna-se real à medida que demonstramos nossos
pendores e propósitos morais para o bem ou mal durante o processo educativo. A
motivação para o estudo tem uma conexão moral em seu início e, ao mesmo tempo,
envolve a afetividade e intelecto. Ou seja, a formação de uma consciência moral
está relacionada aos sentimentos que os professores inspiram nos alunos.
A nossa mente
atua na construção de conceitos, fé, propósitos e todas formas de inteligência
e caráter (Sl 26.2). Só poderemos saber o que nela está contido quando o
revelar por palavras ou ações. O professor deve ativar a mente dos alunos e
estimular seus pensamentos. Para isto deve apresentar objetos ou fatos que
provoque perguntas, a busca da verdade. O que não provoca pergunta não provoca
pensamento. A mente científica sempre está a fazer perguntas e buscar respostas
além dos limites da sala de aula.
Os alunos
devem perguntar o que ( a natureza), por
quê (a causa) e como (o método) cada fato ou princípio
ensinado fazem diferença e onde, quando, por
quem e qual o resultado de algo, o lugar,
o tempo, agentes e conseqüências do fato
fizeram diferença. Daí a necessidade de as aulas nunca esgotarem um assunto. O
conhecimento vem pelo pensar e não pelo simples ouvir.
5. A
LEI DO PROCESSO DE ENSINO
O conhecimento
não pode ser passado de uma mente para outra como meros objetos, mas deve ser
repensado, revivido, reconhecido pela mente receptora. A explicação e
orientação nada valem se o aluno não pensar por si. É o professor quem estimula
e dirige as atividades do aluno. Quem ensina melhor? Aquele que faz os seus
alunos aprenderem sem ensiná-los diretamente. Os olhos devem ver por si; a
mente, pensar por si, pois todos têm capacidade inata para crescer fisicamente
e espiritualmente.
“Se a infância
é educada conforme a medida de seus poderes, crescerá e aumentará de contínuo;
mas, uma vez forçada além dos seus poderes, decresce em vez de crescer.” (Agostinho)
O conhecimento
deve ser apontado como algo que resolve problemas, que confere poder, faz
progredir . Os alunos que estão aprendendo a pensar precisam ser estimulados a
pensar inteligentemente e refletidamente sobre os problemas que surgem,
solucionando-os.
1.
A LEI DO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Por meio desta lei, o aluno formará em sua própria mente, junto
com suas peculiaridades, o verdadeiro conceito dos fatos e princípios da lição.
É papel do professor possibilitar que o aprendiz reproduza as verdades
ensinadas em sua mente. Como isto ocorre? Quando o professor conduz o aluno à
interpretação e redescoberta daquilo que se ensina, tornando-se um pesquisador
independente nos campos do saber, buscando novos princípios e fatos.
O aluno que
traduz outros pensamentos, utilizando as suas palavras já avançou em seu
aprendizado. O professor deve estimular esse comportamento e ensiná-lo a
adquirir uma linguagem mais apurada.
Outra forma de
progresso se dá quando o estudante verifica as provas das afirmações estudadas,
tal como o alpinista que desfruta de melhor visão. O saber inútil se tornará
sabedoria prática quando for devidamente aplicado.
Algumas
perguntas que um estudante sincero deveria fazer a si mesmo:
- Que
diz esta lição? Qual é o seu significado?
- Como
posso expressar o seu significado em minha linguagem?
- Aceito
o que esta lição me diz, e por quê?
- Qual
o benefício que esta lição me traz?
- Como
posso aplicar e usar o conhecimento que esta lição me traz?
‘Toda criança que tenho observado e estudado durante toda a
minha vida tem passado por certos períodos notáveis de indagação que parecem
originar-se no seu íntimo. Depois de passar da época inicial do balbucio e da
gaguez para a da fala correta, chegando à idade das perguntas, diante de cada
fenômeno a criança repete esta pergunta: ‘Que é aquilo?’Se em resposta recebe o
nome duma coisa, isso a satisfaz por completo; não quer saber mais nada.
Passados meses, apresenta-se um segundo estágio, no qual a criança, à primeira
pergunta, acrescenta uma segunda: ‘Por que aquilo é assim?’ Tais perguntas,
para mim, têm grande significação, e muito tempo passei a nelas meditar. Por
fim tornou-me claro que a criança revelou o verdadeiro e acertado método de
desenvolver suas faculdades de pensamento.” (Herman Krusi)
Sendo assim,
observamos que é fundamental que o mestre faça do aluno um investigador
independente, submetendo à prova os seus conceitos para verificar se os mesmos
reproduzem a verdade ensinada.
1.
A LEI DA
RECAPITULAÇÃO E DA APLICAÇÃO
A recapitulação tem a finalidade de alcançar os seguintes alvos:
aperfeiçoamento e confirmação do conhecimento, bem como torná-lo útil e pronto
para ser usado.
Não é uma
simples repetição, porque só quem for inteligente pode reexaminá-lo, repensando
o pensamento, reexaminando-o, reelaborando-o por meio de novas concepções e
associações, sempre adicionando algo ao conhecimento. Por isto não podemos
limitá-la ao questionário.
O momento de
recapitulação dos textos bíblicos nos permite verificar os significados ocultos
e mudar a lição para um novo ponto de vista, a fim de descobrirmos mais
verdades. Para os fisiologistas, este fenômeno é a cerebração inconsciente,
haja vista que o cérebro continua a trabalhar sem que o percebamos.
A memória
depende da associação de idéias para garantir a recordação do que foi ensinado,
relacionando com novos pensamentos, lembranças e utilização dos mesmos. È por
isto que os provérbios e as máximas são lembradas e rememoradas, bem como os
versículos bíblicos mais utilizados (Is 28. 10,13).
Os bons
mestres são os que utilizam um terço de sua aula para recapitulação, o que
garante o progresso dos alunos.
Quando as leis
do ensino são respeitadas e aplicadas, o amplo processo de aprendizagem se dá
de forma satisfatória.
Se o
ministério, pelo Senhor concedido é de ensinar, deve haver dedicação ao ensino
(Rm 12.7).
BIBLIOGRAFIA
Esse
texto contém, em síntese, as principais idéias contidas na obra citada abaixo:
GREGORY, John
Milton. As sete leis do ensino. Trad. Ver. Waldemar W. Wey. 6. ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987,
72 p.
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