O adolescente e a EBD
O adolescente e a EBD
Os mestres sábios, aqueles que ensinaram muitas
pessoas a fazer o que é certo, brilharão como as estrelas do céu, com um brilho
que nunca se apagará. (Daniel 12.3 - NTLH)
INTRODUÇÃO
A tarefa de ensinar não se resume em instruir,
transmitir conhecimento, comunicar conteúdo ou passar informação colhida de um
livro. Quem milita na educação cristã (que não se restringe a Escola Bíblica
Dominical - EBD) deve estar consciente de que o adolescente, assim como a
criança, precisa ter prioridade no que tange o ensino bíblico e que há
necessidade de assistência constante por parte da igreja para que possa
adquirir uma formação cristã capaz de lhe manter firme diante dos desafios do
mundo pós-moderno
Hoje, informações e expectativas que não nos
eram acessíveis antes, agora, estão a um click de nossos olhos e ouvidos. Logo,
como professores devemos nos perguntar se estamos desenvolvendo bem nosso papel
de orientador e discipulador de adolescente nesse processo de transição para a
vida adulta. Diante dessa realidade dois pontos basilares devem ser
considerados: a família e a igreja. Por vezes, nos deparamos com adolescentes
cuja família não está preparada para lidar com o universo desse adolescente. E,
às vezes, até mesmo a igreja não está apta para lidar com a realidade do
adolescente.
Enquanto igreja não podemos nos distanciar, nem
promover um distanciamento do adolescente por causa, por exemplo, de nossos
“usos e costumes”. Quem está envolvido com adolescentes, seja na EBD, seja no
conjunto (departamento), não pode simplesmente dizer: “na minha época...”. Tal
posição não traz solução à condição do adolescente nem tão pouco gera
direcionamento.
O adolescente cristão é alguém que vive em dois
mundos concomitantemente, ou seja, de forma simultânea, que envolve o lar e a
igreja de um lado, e do outro, o próprio universo do adolescente como um todo
que encontra na escola um espaço de expressão onde questionamentos são
levantados, e descobertas ocorrem numa velocidade cada vez mais rápida, e num
volume de informações que nem sempre se traduz em formação já que, muitas
vezes, o pensamento exposto em sala de aula, nos debates e discursos sobre
aborto, sexualidade, ideologia de gênero, política, drogas e etc são tratados
sem considerar a formação familiar ou religiosa do adolescente.
Além disto, há a influência da cultura, e da
própria pós-modernidade em que vivemos como, por exemplo, o corte de cabelo, o
tipo de roupa e etc, enfim, fatores sociais que são próprios dessa fase da
vida. Há também de se perceber a influência da mídia, em especial, das redes
sociais e da tecnologia com seus aparelhos cada vez mais sofisticados à preço,
agora, acessível a qualquer um. Tais facilidade trazem enorme influência ao mundo
do adolescente.
Nesta vida social fora do ambiente familiar e
eclesial começa a haver um choque para o adolescente que se ver diante de
questionamentos para os quais não tem, ele, resposta. “E agora, o que
respondo?”; “Como faço para manter minhas convicções?”; “O sexo fora do
casamento é realmente errado?”; “Posso ficar?”, etc. contrariamente a isso,
outros questionamentos surgem quando esse adolescente está na igreja. Como
lidar com ensinos recebidos na escola ou pela mídia, contrários ao ensino bíblico
na igreja? Como lidar com evolucionismo trazido da sala de aula frente ao
criacionismo ensinado pela Bíblia? Como a igreja lida com o assunto do “ficar”,
e etc....
É neste ponto que se faz necessário professores
e educadores cristãos capacitados e em constante aperfeiçoamento para auxiliar
na formação desses adolescentes que é bastante intensa nessa etapa da vida. Não
podemos cometer o erro de pensar que pelo fato de estarem na igreja estão
livres dos fatos citados acima ou que tais fatos jamais acontecerão a um
adolescente cristão. Então, só nos resta, lançarmo-nos como construtores de uma
formação de caráter cristão centrado na pessoa do Cristo onde nossos costumes
não privem o adolescente de ser adolescente e ainda encontrar respostas
bíblicas às questões da vida. O professor da EBD precisa, com urgência, tratar
de questões cada vez mais complexas e de diversidade ampla. Pois, a vida em
sociedade de um adolescente é muito complexa, com questões que não víamos
antes.
O PERFIL DO ALUNO ADOLESCENTE
E, desde menino, você conhece as Sagradas
Escrituras, as quais lhe podem dar a sabedoria que leva à salvação, por meio da
fé em Cristo Jesus. (2 Timóteo 3.15 - NVI)
A adolescência é um fenômeno social, e por
isso, considerado um período de transição na sociedade moderna. E, justamente
por isso é necessário analisarmos os aspectos sociais, emocionais, morais e
espirituais dos adolescentes de hoje. Na cultura judaica, por exemplo, essa
transição para fase de responsabilidade se dava por meio do “Bar-Mitzvá”, quando
o menino judeu, através dessa cerimônia, aos 13 anos de idade, demonstrava
ciência da Lei diante da comunidade quando se fazia a leitura de um trecho da
Lei na sinagoga, acompanhada de explanações ou não. Na sociedade moderna
ocidental, o aniversário de 15 anos para as moças e de 18 para os rapazes marca
essa transição para a fase de juventude.
Apesar disso, é a chegada da puberdade [1] que
dá as notas dessa transição. Pois, esta, traz consigo não somente a
adolescência como as mudanças hormonais. Inicia-se, portanto, as mudanças
físicas e comportamentais; bem como a fase dos questionamentos e das
descobertas; da atração pelo sexo oposto e tudo mais. Hoje, com a expansão da
rede mundial de computadores (world wide web - www), a velocidade com que se recebe
as informações em tempo real trouxe nova configuração para o tempo presente.
Coisas que o adolescente somente tomaria conhecimento em uma idade mais
avançada, agora, está aí diante de si; seja no computador, no tablet ou no
celular.
As redes sociais, a internet, as tvs à cabo, a
mídia como um todo está moldando não só o comportamento e a forma de pensar do
adolescente, mas de toda a sociedade. E, isso, com princípios e valores
contrários à Palavra de Deus. Esse universo que se apresenta para o adolescente
acaba por tornar-se, muitas vezes, a razão de conflitos entre o adolescente e
seus pais e líderes. É aí que valores começam a serem questionados, os limites
são desafiados e respostas são exigidas. Se os pais e/ou professores desses
adolescentes não tiverem “antenados com o tempo”, a fim de serem parceiros de
diálogos e debates serão considerados ultrapassados e caretas; e os amigos e os
ícones (da música, do esporte, da tv, etc.) tornar-se-ão seus únicos
referenciais.
É nesse momento que surgem os modismos da
idade. Estar na moda é a palavra de ordem, é tudo que o adolescente quer. São
as cores que chamam a atenção, um estilo de roupa determinado, uma marca de
tênis é procurada, determinadas griffes são desejadas, corte de cabelo
diferenciado, etc. Os meninos querem calças larga na cintura, mostrando o
elástico da cueca, ou calças apertadas estilo sertanejo. A linguagem é o
diferencial dessa fase de transição.
Tomar conhecimento disso é importante para
sabermos como lidar. Pois, até mesmos nossos alunos adolescentes são atraídos
para esse novo estilo de vida. Já que, em maior ou menor grau acabam assumindo
o comportamento de seus pares. Nisto está o desafio do professor da EBD, pois,
justamente por serem adolescentes evangélicos precisam estar bem esclarecidos e
orientados por pais e professores para saberem se posicionar diante de assuntos
e comportamentos contrários à fé cristã; bem como de ideologias destruidoras e
linguagem inconveniente.
O PERFIL DO PROFESSOR DE ADOLESCENTE
De modo que, tendo diferentes dons, segundo a
graça que nos é dada, [...] se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar,
haja dedicação ao ensino. (Romanos 12.6,7 - ARA)
Como professores e pais devem estar
sintonizados com essa fase para poderem dialogar com seus adolescentes e
mostrar-lhes os perigos de certos modismos que são contrários aos ensinos
bíblicos. Mostrar-lhes que o “Não”, nem sempre que dizer reprovação ao adolescente
ou autoritarismo, mas, muitas vezes, proteção. Os professores da EBD precisam
lidar com as mudanças que estão acontecendo na sociedade moderna, a fim de que
possam contextualizar suas aulas para que possa fazer sentido ao adolescente. É
necessário que, até mesmo, o culto de adolescente seja direcionado para eles.
Com louvores e pregação própria para eles. Às vezes para nos aproximarmos deles
precisamos abrir mão de atitudes prepotentes de senhores do saber. E,
procurarmos construir um diálogo mais amigo e uma linguagem mais próximas deles
para que possamos construir relações firmes de amizades para que se sintam
seguros em compartilhar conosco suas crises e seus dramas, assim como suas
alegrias.
Como professores precisamos ser o mais íntimo
deles o tanto quanto for necessário para podermos orientá-los e aconselhá-los
quando transgredirem princípios bíblicos que possam comprometer-lhes a
salvação. Somente conseguiremos isso se estivermos acompanhando as mudanças no
“mundo do adolescente”, ora rejeitando aquilo que for contrário à Palavra de
Deus, ora direcionando para aquilo que trará progresso à vida do adolescente.
Há algo que jamais podemos permitir. Que as transformações do tempo presente e
a cultura hodierna nos afastem de nossos adolescentes. Há, ainda, outros
desafios que os adolescentes enfrentam. São os complexos, ora de inferioridade,
ora de superioridade, além da baixa estima por não se verem enquadrados na moda
do momento e isso acaba por levá-los a reclusão, a buscar refúgio em seus quartos,
atrapalhando, e até mesmo, interrompendo sua própria vida familiar, social e na
igreja.
Eles, os adolescentes, estão constantemente em
dúvida, buscando a todo tempo, afirmação. Seja nos pais, na família ou nos
adolescentes como eles, e também na igreja. Perguntas como “você me acha
bonita”; “será que sou mesmo capaz”; “será que posso conseguir”; “E se não der
certo?”, e etc. Fazem parte da realidade desses adolescentes. Como professores
precisamos reforçar a autoestima de nossos adolescentes e até mesmo fazer
elogios. Por ser uma fase de transição, os professores devem sempre estarem
atentos com adolescentes que são muito calados, introspectivos e possuem mais
dificuldades de entrosamento, que não se veem como parte da classe. Os
professores devem verificar se isso não é resultado de bullying ou de rejeição
dos demais.
É necessário que o professor sempre demonstre
afeto e esteja sempre à disposição para ouvi-los, principalmente quando querem
compartilhar seus complexos e incertezas. Somente assim poderemos ajudar a
vencerem seus complexos e aportarmos uma direção que os leve ao progresso tanto
educacional como emocional e acima de tudo, espiritual. Como já exposto. Nessa
fase, tudo está em constante mutação. Em nosso país e também no mundo; o
relativismo tem alcançado todas as esferas da vida moderna e os conceitos e
valores que até pouco tempo atrás eram considerados imprescindíveis. Hoje,
tornaram-se objeto de questões. Os valores da família e da vida em sociedade
estão sendo modificados e outros até extintos.
Em meio a isso tudo está o adolescente cristão
que está sendo obrigado a conviver numa sociedade erotizada pela mídia, cenas
na tv ou imagens compartilhadas em aplicativos de celulares carregadas de teor
sexual produzidos para provocar o adolescente. Campanhas nas redes sociais e na
mídia televisiva para aceitação da homossexualidade e da bissexualidade como
direitos a serem concedidos a seus defensores. Por outro lado, está a questão
da violência, em especial nas escolas onde professores sentem-se acuados diante
da falta de respeito de seus alunos adolescentes, onde a palavra autoridade
perdeu totalmente o sentido para esses adolescentes. Tudo isso são desafios que
os professores de adolescentes, em sentido geral, estão a enfrentar. Recai,
portanto, sobre o professor da EBD essa difícil tarefa; de formar cidadãos para
o céu e para a sociedade, e não somente ensinar seus alunos os princípios do
Evangelho como construir neles uma imagem de quem é Deus.
Levando-os a refletir sobre seu amor e vontade
para a vida de cada um deles. O professor da EBD precisa, vez por outra,
desconstruir conceitos absorvidos em ambientes hostis a fé cristã, como muitas
vezes aqueles trazidos da própria escola secular. Precisa discutir questões do
tempo presente como suicídio, aborto, eutanásia, sexualidade, etc.
Mostrando-lhes a visão bíblica para tudo isso – é o que chamamos de “cosmovisão
cristã”. Ensinar-lhes como devem lidar com problemas familiares como divórcio
dos pais, briga entre irmãos, desentendimentos familiares e coisas do
gênero.
Resta aos professores da EBD a nobre missão de
instrui-los quanto aos valores do Reino de Deus. E, que posição devem tomar
diante das questões da vida, sempre buscando orientação bíblica de pais,
líderes e professores cristãos. Não raramente você professor receberá alunos
extremamente confusos quanto a sua própria vida, com maneiras de pensar
contrários à Bíblia, carregando traumas emocionais e outras questões. Portanto,
será necessário desconstruir conceitos limpando-lhes a mente para construir
novos a partir da Palavra de Deus, ensinando-lhes os princípios do Reino. O
trabalho é de uma reforma completa e compromissada, levando os alunos a
perceberem em você mesmo os benefícios do seu ensino. É uma tarefa árdua, mas
necessária, sem a qual não colheremos os frutos necessários para o amanhã.
CONCLUSÃO
Como parte de um grande projeto divino para
construção de uma sociedade melhor e igrejas mais fortalecidas e edificadas em
Cristo. Somos chamados por Deus para esta tão nobre tarefa. Precisamos,
portanto, buscar desenvolver nosso chamado a fim de que nossos alunos possam
aproveitar o melhor daquilo que fazemos. Sempre focando o crescimento
espiritual de cada aluno “até que Cristo seja formado” em cada vida colocada
sob nossa responsabilidade. Por isso precisamos ser arrojados na transmissão
das verdades eternas que podem tornar o adolescente sábio para a vida eterna (2
Tm 3.15). Eis o grande desafio para os professores da EBD: ensinar as doutrinas
eternas a pessoas que estão em formação e vivem na realidade de um mundo que
muda seus conceitos tão velozmente quanto a velocidade da luz. Portanto, caro
professor, nossos alunos esperam sempre mais de nós e Deus conta conosco.
Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem
que adquire entendimento, porque a sabedoria vale mais do que a prata, e dá
mais lucro que o ouro. (Provérbios 3.13,14 - ARA)
[1] - A palavra se origina de púbis que
significa “pelos”. Já que é nessa fase que surgem os pelos na região pubiana
(virilha). O termo, contudo, passou a ser usado para descrever as mudanças
físicas que surgem no corpo do adolescente (surgimento de acnes, enrijecimento
da pele, amadurecimento dos órgãos genitais, e etc.) e que acontecem a partir
dos 11 ou 12 anos.
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